24 de fev. de 2011

TROPA DE ELITE 2

“Apesar das coincidências com a realidade. Este filme é uma obra de ficção”.

São palavras iniciais do filme mais competente e eficiente que o Brasil já produziu. Com um roteiro extremamente inteligente e ousado, Bráulio Mantovani e José Padilha escrevem uma história expondo em cartas brancas uma verdade que conhecemos há décadas, a irritante revolta que a população tem de criminosos, policiais e políticos.

Coronel Nascimento continua com seu desejo de acabar com o mal nas favelas do Rio de Janeiro, porém, a vontade de manter o bem vai por água abaixo quando surge um problema ainda maior, a polícia que corrompe os habitantes com a ajuda de uma política corrupta. Uma atrás de votos, a outra atrás de uma falsa segurança para o povo em troca de pagamentos. Ao fracassar numa operação no presídio Bangu 1, Nascimento acaba ganhando pontos com a mídia, que o aplaude de pé num restaurante, mas é alvo de críticas severas de um deputado que luta por direitos humanos e que causa transtornos para a polícia, além de causar irritação para o governador do Rio por ver o coronel como um problema.

Nascimento diante de um novo cargo consegue aparelhar o BOPE de maneira mais completa e acaba de vez com o tráfico nas favelas, porém, acaba por descobrir outro grave problema, milícias dentro da polícia militar, que joga duro para arrecadar cachês e votos eleitorais. Até um apresentador com sua leve semelhança de “Datena” carioca quer usufruir do poder por ser a mente articuladora que mantém o povo com medo da criminalidade e assim, consegue tirar proveito do governador e encargos políticos.

Wagner Moura está esplêndido, com narração a altura de seu personagem, com sua bela voz pausada e séria, soltando frases de injustiça e sua vontade de derrubar canalhas. Ele volta com o personagem de maior repercussão no Brasil, com a exigência e brutalidade que seu cargo precisa, demonstrando envelhecimento e cansaço, que não gosta de agir com violência, mas sabe que se entrar na guerra tem que lutar. Um pai que batalha para ter um bom relacionamento com o filho, mas sabe dos obstáculos de há entre eles, por isso, busca no esporte com o garoto, um momento de contato íntimo para tentar aproximação e demonstrar seu amor ao filho.

O filme é um tapa na cara nas diversas áreas de comunicação e atividades corporativas. Desde o jornal que não quer publicar uma matéria sabendo que irá prejudicar o governador, até as decisões de votos em eleições, onde deixamos de ver quem são os mocinhos e bandidos no meio da política brasileira, para votar em colarinhos brancos. Afinal, votar num palhaço não é a melhor estratégia quando não se sabe escolher um candidato competente.

A direção é espetacular, até o pequeno efeito especial se encaixa criando uma obra prima a história do cinema nacional. José Padilha dirigiu com sabedoria e ação, sem deixar a peteca cair. Um filme que merece ser aplaudido de pé por tamanho respeito e preocupação em mostrar ao povo brasileiro como somos injustiçados e como podemos fazer a diferença se simplesmente votarmos com seriedade, ou caso contrário, o inimigo pode ficar maior e mais abusado. Afinal, já sabemos que ele existe, e que cresce a cada ano.


MINHA NOTA: 10.


JUST ONE PHOTO:



Uma guerra não se ganha sozinho e, herói é o soldado que não teve tempo de fugir.




Trailer do filme:

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